Se você vive para trabalhar, não trabalha para viver.

   Durante muitos anos, a ideia de trabalhar incessantemente foi algo que eu valorizei. Era comum ouvir que trabalhar 14, 15 horas por dia era sinônimo de dedicação, de sucesso, de uma vida profissional bem-sucedida. No entanto, ao longo do tempo, me toquei que esse estilo de vida estava me consumindo de formas que eu não percebia. Trabalhei muito, às vezes até demais, com quatro empregos ao mesmo tempo, sem férias e sentindo uma pressão constante que eu mesmo me impunha. Com o tempo, isso começou a gerar estresse, busca incessante por resultados perfeitos e uma exaustão que afetava minha saúde física e mental. O que inicialmente parecia uma virtude, se tornou uma armadilha.

    Hoje, percebo que, embora as metas e os resultados sejam, sim, importantes e devam ser alcançados, é fundamental saber lidar com as pressões que o trabalho impõe e que a gente se impõe. Todos nós temos prazos, objetivos a cumprir, contas a pagar, e o trabalho é o meio pelo qual conquistamos nossa sobrevivência e a possibilidade de realizar nossos projetos. No entanto, viver para trabalhar não é a solução. Ao contrário, precisamos aprender a trabalhar para viver. Eu admito: não é um exercício fácil. Confesso que eu ainda não domino isso. 

    Mas, a compreensão de que, para alcançar nossos objetivos, precisamos também de espaço para respirar, para descansar e para repensar nossas prioridades, foi um ponto crucial na minha jornada para perceber que não sou infalível. Quando nos entregamos sem limites, sem pausas, e colocamos o trabalho acima de tudo, é fácil perdermos a perspectiva do que realmente importa.

    Redimensionar o peso que damos aos problemas no trabalho é fundamental. A pressão por resultados, a cobrança por metas e o constante receio de não sermos suficientes são aspectos com os quais todos nos deparamos, mas precisamos aprender a lidar com eles de forma saudável. Reconhecer as limitações – as nossas e as dos outros – ajuda a transformar o ambiente de trabalho. Isso não significa fugir das responsabilidades, mas encontrar formas de cumpri-las sem perder de vista o ser humano por trás de cada função.

    Tirar um tempo para refletir sobre nossas atitudes no trabalho, para reavaliar o que estamos fazendo e como estamos fazendo, pode ser uma ferramenta poderosa. Isso tem me ajudado muito. Precisamos de um equilíbrio entre cumprir com nossas obrigações e respeitar a nós mesmos. Afinal, trabalhar bem não é apenas cumprir metas, é fazer isso de forma que respeite o nosso bem-estar. A dedicação e o compromisso com a qualidade do que fazemos devem ser impulsionados pelo nosso orgulho pessoal em entregar o melhor de nós, e não pelo medo ou pela obrigação de cumprir exigências externas.

    Entendo hoje que o trabalho só faz sentido quando ele é realizado com respeito, tanto pelo que se faz quanto por quem somos. Ao trabalhar com paixão, mas também com limites, podemos inspirar outros a fazer o mesmo. Quando cuidamos de nossa saúde mental e física, conseguimos dar o nosso melhor, seja no trabalho, seja nas nossas relações pessoais. Não é fácil encontrar esse equilíbrio, mas é possível. Como disse, ainda estou longe de dominar isso, mas hoje tenho clareza de que isso é necessário. A chave está em reconhecer que todos nós somos humanos, e que nossa maior tarefa é, antes de mais nada, nos cuidar. Só assim conseguimos impactar positivamente o ambiente ao nosso redor, tornando-o mais saudável e menos tóxico.

    No fim, o trabalho deve ser uma parte significativa de nossas vidas (porque ele é mesmo!), mas não deve ser a nossa vida. Ele deve ser um meio para vivermos bem, para nos desenvolvermos como pessoas e profissionais, e para inspirarmos os outros a fazer o mesmo. Trabalhar com propósito, respeitando os limites, respeitando a si mesmo e ao próximo, é o caminho para um trabalho verdadeiramente significativo.

    Ainda tenho um longo caminho a percorrer nesse sentido, mas compreendendo que isso é possível, tenho conseguido aliviar um pouco aquela sensação de que não darei conta tudo. Espero que, ao compartilhar essa minha experiência, eu possa ter te ajudado, ou mesmo despertado, uma reflexão sobre a sua relação com o trabalho e a sua vida. Afinal, o trabalho deve alimentar a nossa vida, e não o contrário.


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